31.1.07

Segunda Oficina do Metaprojeto

Ontem, 30 de janeiro, rolou a Oficina de Metareciclagem para a segunda turma. Eu enviei a programação ao jornal local e também a assessoria de imprensa da SEADS e isso garantiu uma boa divulgação das oficinas. Apareceram seis pessoas, todas vindas dessa divulgação.

O pessoal da AEB não compareceu e pelo que pude ver com a Eliane (AEB), é muito provável que tenham se confundido com os dias de oficina. O Braz levantou a lebre de que o calendário poderia ficar confuso da forma como eu organizei (As oficinas começaram na terça passada. Como a quinta era feriado em sampa, eu coloquei a segunda turma para a terça seguinte. Na quinta, a primeira volta a fazer a oficina. Ficaremos assim até o Carnaval, que é feriado na terça). Paciência... Combino com eles um dia para repor isso...

De qualquer maneira, dar a oficina para um grupo menor é bem mais proveitoso. Na semana passada eu não tinha muita noção se as três horas de oficina seriam suficientes para passar o que eu tinha me proposto. Dessa vez, eu já sabia que não (hahaha). A coisa ia rolar numas quatro horas fácil!

Dessa vez eu dei um contexto de conhecimento compartilhado, falando para a galera que eu não era o professor (a moçada da outra semana me chamava de professor direto). A gente estava ali para compartilhar conhecimento. E como a oficina era aberta a todos, quando a gente recebesse alguém novo no grupo, era função de todo mundo acompanhar essa pessoa e ensinar o que tínhamos aprendido juntos.

Também falei da possibilidade de organizar espaços como aquele em suas comunidades, associações de bairro, escolas, etc... Dei um contexto geral sobre o que estamos fazendo e perguntei a eles de onde vinham e porque se interessaram em fazer essa oficina.

O Flavio fez novamente a oficina, abrindo a sua própria máquina. Além dele, tínhamos a Luana (16 anos), o Pedro (39), o Amâncio (33?), o Ari(50 e poucos), o Leandro (16). Da AEB, só o Leandro.

A galera tinha uma experiência de usuário da máquina, através dos trabalhos, do Telecentro ou do Acessa. Luana já tinha aberto um monitor de vídeo, que havia queimado. O Pedro disse que tinha trabalhado com máquinas de datilografar e que nunca havia se aproximado do computador. No entanto, sabia dar nome aos bois e tinha bem claro a desmontagem da máquina... Achei estranho isso, porque me pareceu que ele sabe mais do que o que disse.

Senti esse grupo mais interessado, mas isso pode ter muito a ver com a atenção que pude dedicar aos participantes. Como estavam em menor número, a abordagem ainda muito centralizada em mim funciona. Num grupo maior, como o da semana passada, o ideal seria que houvessem outros mediadores (lembro da oficina que o Liquuid deu lá na sede do MH. Tinha Feju, Joe, Canato, Eu e mais uma galera que manjava alguma coisa. A gente ia ensinando em pequenos grupos e a coisa fluiu bem).

Acho que a coisa está caminhando por lá, a despeito das questões sobre a nossa suposta "indisciplina" com os horários. As oficinas têm começado pontualmente às 14hs e terminaram às 18. Quando chegou às 17hs, informei ao pessoal que a oficina tinha terminado e que se eles quisessem poderiam terminar a montagem das máquinas, senão estavam dispensados. O Pedro que já tinha terminado, foi embora. Os demais, seguiram até terminar a montagem.

Estamos começando a armar a pequena rede a que tínhamos nos proposto. Com o calendário regular de oficinas, isso tende a se acelerar.

Ainda pretendemos visitar mais algumas organizações da região, para divulgar as oficinas, mas já estamos tendo sobrecarga de horários. Há uma turma do ICA que estamos vendo como poderíamos atender.

A oficina não foi a mesma, mas o conteúdo previsto sim, de forma que não vou escrever novamente a metodologia empregada e esse relato fica sendo um pouco mais subjetivo...

24.1.07

Primeira Oficina - Metareciclagem I

A proposta da primeira oficina era familiarizar a galera com a desmontagem e higienização dos computadores. Apareceram umas 12 pessoas, molecadinha de uns 17 até 20 e tantos (fora o Flavio e o Roberto, que estão na casa dos 40 e tra-lá-lá).

No geral, o grupo não tinha nenhuma intimidade anterior com as máquinas. Alguns tinham feito o famigerado curso de montagem de micros da Microlins (que deve ser uma bomba, porque a molecada que já apareceu no PEFI e que veio desse curso não manja mais nada). Isso embaça mais para quem está dando a oficina, porque tudo fica muito em cima de você. Não tem mais gente na rede de aprendizado para quem você possa delegar a monitoria dos amigos.

Eu propus uma divisão em duplas, porque isso minimiza a centralização no oficineiro. Um pode ajudar o outro e não fica tudo ao meu encargo.

Expliquei o funcionamento do projeto, a proposta das oficinas e o funcionamento do LabLivre, como espaço onde se pode tirar todas as dúvidas e experimentar o que foi aprendido na oficina. Depois fizemos uma rodada de apresentações, onde cada um falou porque resolveu fazer a oficina e se já manjava alguma coisa do assunto.

Havia duas meninas que estavam um pouco perdidas ali. Não sabiam muito o que estavam fazendo e pareciam pouco interessadas. (É uma coisa a atender: trocar uma idéia com elas mais relaxado da função de oficineiro para ver qual a história de vida e o que as levou a aparecer para fazer aquela oficina. Ontem não pude fazer isso...) Mas no geral, houve bastante interesse. Uma coisa interessante para mim, nesse momento vital: a Dayane, uma das meninas, grávida de sete meses, fazendo a oficina com um grande interesse.

Primeiro a gente ligou as máquinas como estavam, sem abrir, para ver se funcionavam ou não.

Duas máquinas apitaram (depois eu vi porque: uma estava sem as memórias e a outra com a placa de vídeo mal colocada). Não expliquei o defeito por enquanto. A idéia era eles verem o estado original da máquina, antes da desmontagem completa.

Feito isso, tiramos da bancada os monitores e teclados e começamos a desmontagem propriamente dita. Fizemos a limpeza dos gabinetes, fontes, floppies e hds (por fora) e por último, das placas, limpando os contatos com lápis borracha.

À medida que íamos avançando, eu ia explicando o funcionamento das partes: para que serve a fonte de alimentação, qual a função da memória de curta duração (RAM), qual a função da memória de longo prazo (HD), o que é o processador, como identificar a placa mãe, etc...

Eu tenho feito uma brincadeira que é pegar processadores de diferentes encapsulamentos, placas mãe de diferentes processadores e de diferentes tamanhos, memórias diferentes e etc... e perguntar para a galera o que eles acham que é cada coisa e porquê.

Por exemplo: pego um 386 e ponho ao lado de um Pentium II, de um K6II e de um Pentium MMX. Coloco também umas memórias SIMM, DIMM, EDO... Aí eu pergunto onde está o processador. E quais daquelas peças é uma memória. Depois eu vejo as respostas e pergunto como eles chegaram àquela conclusão. É um exercício interessante! As respostas são: "Eu acho que é um processador porque tem aquele ventiladorzinho de esfriar" ou ainda " eu acho que isso é memória porque parece um pente. É menor que a outra, mas parece".

O Flavio já tem aparecido a umas duas semanas. Ele trouxe uma máquina que ganhou e que estava com pau. Ele sempre aparece depois do almoço, dá uma chegada no Acessa e depois cola no LabLivre, para aprender como consertar a maquininha (um PII - 400 Mhz, com 128 de memória e HD de 20Gb). Ele descolou um manual de Linux no Telecentro e faz as anotações ali mesmo, perguntando bastante. É um cara bem interessado e saquei que usar metáforas relacionadas à mecânica de automóveis ajuda muito (o cara é motorista de caminhão).

Ele ainda deu uma força, no grupo em que estava.

Teve também a Léia, que é bem interessada e teve muita facilidade com a coisa. Mas tem dificuldade em trabalhar em grupo e foi fazendo tudo sozinha, se adiantando muitas vezes ao que foi falado.

Um dos grupos teve a sacada de pegar uma fita crepe e ir anotando os lugares de onde tiraram os cabos da placa mãe, antes da desmontagem. Achei a idéia bacana, porque os caras, sem terem familiaridade com a desmontagem, usaram uma lógica simples que iria ajudá-los a remontar a máquina. Depois eu expliquei que eles não precisariam da fita Crepe, porque na placa mãe estava escrito onde íamos ligar o quê. Mas a idéia foi duca!

Depois que as máquinas estavam limpas (por dentro. por fora eu deixei para a oficina do Glaucão), a gente remontou tudo.

Eu tenho um método para montar as máquinas que eu acho que agiliza um pouco a coisa: monto a MOBO no Chassi. Coloco o processador, cooler e memórias. Ligo aqueles fiozinhos dos leds do gabinete e dos botões frontais. Espeto todos os Flat-Cables. Só aí eu fecho o chassi.

Isso porque essas máquinas mais antigas tinham um gabinete pedrada! Muito apertado e de difícil visualização das indicações da placa. Se você faz tudo com a placa pelo lado de fora, fica mais fácil de ler as letrinhas brancas que indicam os jumpers, pinagem, etc...

A oficina acabou levando mais tempo do que prevíamos... Durou quase quatro horas...

Isso é algo a melhorar.

Eu pedi a eles que fizessem um relato da oficina, que poderia ser um texto, um desenho, uma música, etc...

Vou fazer um cordel no espaço e deixaremos pendurados esses relatos. A isso chamaremos de site. E depois vamos estruturando esse conteúdo, criando um site físico, para que eles entendam a função da Internet e outros bichos. Quando a gente der uma oficina de Wiki e etc, acho que essa noção espacial vai ser interessante.