24.1.07

Primeira Oficina - Metareciclagem I

A proposta da primeira oficina era familiarizar a galera com a desmontagem e higienização dos computadores. Apareceram umas 12 pessoas, molecadinha de uns 17 até 20 e tantos (fora o Flavio e o Roberto, que estão na casa dos 40 e tra-lá-lá).

No geral, o grupo não tinha nenhuma intimidade anterior com as máquinas. Alguns tinham feito o famigerado curso de montagem de micros da Microlins (que deve ser uma bomba, porque a molecada que já apareceu no PEFI e que veio desse curso não manja mais nada). Isso embaça mais para quem está dando a oficina, porque tudo fica muito em cima de você. Não tem mais gente na rede de aprendizado para quem você possa delegar a monitoria dos amigos.

Eu propus uma divisão em duplas, porque isso minimiza a centralização no oficineiro. Um pode ajudar o outro e não fica tudo ao meu encargo.

Expliquei o funcionamento do projeto, a proposta das oficinas e o funcionamento do LabLivre, como espaço onde se pode tirar todas as dúvidas e experimentar o que foi aprendido na oficina. Depois fizemos uma rodada de apresentações, onde cada um falou porque resolveu fazer a oficina e se já manjava alguma coisa do assunto.

Havia duas meninas que estavam um pouco perdidas ali. Não sabiam muito o que estavam fazendo e pareciam pouco interessadas. (É uma coisa a atender: trocar uma idéia com elas mais relaxado da função de oficineiro para ver qual a história de vida e o que as levou a aparecer para fazer aquela oficina. Ontem não pude fazer isso...) Mas no geral, houve bastante interesse. Uma coisa interessante para mim, nesse momento vital: a Dayane, uma das meninas, grávida de sete meses, fazendo a oficina com um grande interesse.

Primeiro a gente ligou as máquinas como estavam, sem abrir, para ver se funcionavam ou não.

Duas máquinas apitaram (depois eu vi porque: uma estava sem as memórias e a outra com a placa de vídeo mal colocada). Não expliquei o defeito por enquanto. A idéia era eles verem o estado original da máquina, antes da desmontagem completa.

Feito isso, tiramos da bancada os monitores e teclados e começamos a desmontagem propriamente dita. Fizemos a limpeza dos gabinetes, fontes, floppies e hds (por fora) e por último, das placas, limpando os contatos com lápis borracha.

À medida que íamos avançando, eu ia explicando o funcionamento das partes: para que serve a fonte de alimentação, qual a função da memória de curta duração (RAM), qual a função da memória de longo prazo (HD), o que é o processador, como identificar a placa mãe, etc...

Eu tenho feito uma brincadeira que é pegar processadores de diferentes encapsulamentos, placas mãe de diferentes processadores e de diferentes tamanhos, memórias diferentes e etc... e perguntar para a galera o que eles acham que é cada coisa e porquê.

Por exemplo: pego um 386 e ponho ao lado de um Pentium II, de um K6II e de um Pentium MMX. Coloco também umas memórias SIMM, DIMM, EDO... Aí eu pergunto onde está o processador. E quais daquelas peças é uma memória. Depois eu vejo as respostas e pergunto como eles chegaram àquela conclusão. É um exercício interessante! As respostas são: "Eu acho que é um processador porque tem aquele ventiladorzinho de esfriar" ou ainda " eu acho que isso é memória porque parece um pente. É menor que a outra, mas parece".

O Flavio já tem aparecido a umas duas semanas. Ele trouxe uma máquina que ganhou e que estava com pau. Ele sempre aparece depois do almoço, dá uma chegada no Acessa e depois cola no LabLivre, para aprender como consertar a maquininha (um PII - 400 Mhz, com 128 de memória e HD de 20Gb). Ele descolou um manual de Linux no Telecentro e faz as anotações ali mesmo, perguntando bastante. É um cara bem interessado e saquei que usar metáforas relacionadas à mecânica de automóveis ajuda muito (o cara é motorista de caminhão).

Ele ainda deu uma força, no grupo em que estava.

Teve também a Léia, que é bem interessada e teve muita facilidade com a coisa. Mas tem dificuldade em trabalhar em grupo e foi fazendo tudo sozinha, se adiantando muitas vezes ao que foi falado.

Um dos grupos teve a sacada de pegar uma fita crepe e ir anotando os lugares de onde tiraram os cabos da placa mãe, antes da desmontagem. Achei a idéia bacana, porque os caras, sem terem familiaridade com a desmontagem, usaram uma lógica simples que iria ajudá-los a remontar a máquina. Depois eu expliquei que eles não precisariam da fita Crepe, porque na placa mãe estava escrito onde íamos ligar o quê. Mas a idéia foi duca!

Depois que as máquinas estavam limpas (por dentro. por fora eu deixei para a oficina do Glaucão), a gente remontou tudo.

Eu tenho um método para montar as máquinas que eu acho que agiliza um pouco a coisa: monto a MOBO no Chassi. Coloco o processador, cooler e memórias. Ligo aqueles fiozinhos dos leds do gabinete e dos botões frontais. Espeto todos os Flat-Cables. Só aí eu fecho o chassi.

Isso porque essas máquinas mais antigas tinham um gabinete pedrada! Muito apertado e de difícil visualização das indicações da placa. Se você faz tudo com a placa pelo lado de fora, fica mais fácil de ler as letrinhas brancas que indicam os jumpers, pinagem, etc...

A oficina acabou levando mais tempo do que prevíamos... Durou quase quatro horas...

Isso é algo a melhorar.

Eu pedi a eles que fizessem um relato da oficina, que poderia ser um texto, um desenho, uma música, etc...

Vou fazer um cordel no espaço e deixaremos pendurados esses relatos. A isso chamaremos de site. E depois vamos estruturando esse conteúdo, criando um site físico, para que eles entendam a função da Internet e outros bichos. Quando a gente der uma oficina de Wiki e etc, acho que essa noção espacial vai ser interessante.

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